Como garantir que vozes negras sejam ouvidas

Por Adam Mosseri, diretor do Instagram — Publicado em 15 de junho de 2020

Nas últimas semanas, vimos um movimento incrível no mundo inteiro. À medida que essas conversas importantes chegaram à nossa plataforma, vimos comunidades no Instagram se mobilizando para exigir justiça e expressar solidariedade, apoiar empresas de propriedade de negros, divulgar vozes negras e aumentar a conscientização sobre a igualdade de pessoas negras em todos os lugares.

Além disso, também ouvimos as preocupações sobre a supressão de vozes negras e se nossos produtos e políticas tratam todos igualmente. Entendemos que somos uma plataforma que apoia a divulgação das vozes negras, mas na qual, ao mesmo tempo, as pessoas negras costumam ser assediadas, têm medo de "shadowban" e discordam de muitas remoções de conteúdo. Esse é um momento em que as pessoas do mundo inteiro exigem ações em vez de palavras, e devemos responder de forma igual à nossa comunidade.

Começamos ao reconhecer as experiências e os desafios que grupos sub-representados, como nossa comunidade negra, enfrentam quando usam o Instagram. Trabalhamos muito para entender melhor o impacto que nossa plataforma tem em diferentes grupos. Isso nos ajudou a chegar onde estamos hoje. Mas acredito que podemos fazer mais em algumas áreas-chave, que se encaixam em nossos compromissos corporativos mais abrangentes. Precisamos apoiar melhor a comunidade negra dentro de nossa própria organização, bem como em nossa plataforma.

Um dos modos de fazer isso é observar melhor como nosso produto afeta as comunidades de forma diferente, principalmente com relação a:

  1. Assédio: qualquer trabalho para abordar as desigualdades que as pessoas negras enfrentam deve começar com os problemas de segurança específicos que elas enfrentam no dia a dia, dentro e fora da plataforma. Depois, precisamos abordar possíveis problemas na forma como nossos produtos e políticas protegem as pessoas desses problemas.
  2. Verificação da conta: analisamos os critérios de verificação atuais e faremos alterações para garantir que sejam mais inclusivos. A verificação é uma área com dúvidas constantes: quais são as diretrizes e se os critérios estão favorecendo ou não alguns grupos mais do que outros.
  3. Distribuição: analisamos como o conteúdo é filtrado nas páginas Explorar e Hashtag para entender onde podem existir vulnerabilidade devido ao viés. Além disso, precisamos ser mais claros sobre a tomada de decisões quando se trata do modo como as publicações das pessoas são distribuídas. Ao longo dos anos, ouvimos as questões descritas nas redes sociais como "shadowbanning", a filtragem de pessoas sem transparência e, como resultado, limitando seu alcance. Em breve, vamos divulgar mais informações sobre os tipos de conteúdo que evitamos recomendar em Explorar e em outros lugares.
  4. Viés algorítmico: algumas tecnologias correm o risco de repetir os padrões desenvolvidos por nossas sociedades tendenciosas. Apesar de nossos esforços para evitar preconceitos subconscientes em nossos produtos, precisamos analisar os sistemas subjacentes que construímos e nos quais precisamos nos concentrar para manter o viés fora dessas decisões.

Esse trabalho levará algum tempo, mas forneceremos atualizações nos próximos meses, tanto sobre o que aprendemos quanto sobre o que abordamos. Esses esforços não param com as disparidades que as pessoas podem experimentar apenas com base na raça. Também vamos analisar como podemos atender melhor outros grupos sub-representados que usam nosso produto. No ano passado, o feedback que recebemos de comunidades como grupos LGBTQIA+, ativistas de positividade corporal e artistas nos ajudou a construir um produto mais inclusivo.

Nosso objetivo é que o Instagram seja um lugar em que todos se sintam seguros, amparados e livres para se expressar, e espero que este trabalho nos aproxime dessa meta.